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publicado em 18.12.2013 |
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Introdução Distinguida com o convite das ilustres professoras Patrícia Aurélia Del Nero, Paula Andrea Forgioni e Samantha Ribeiro Meyer-Pflug para colaborar em obra coletiva em homenagem ao Desembargador Newton De Lucca, expresso a minha satisfação e o meu encantamento, pois dedico grande admiração ao ilustre magistrado e professor emérito. Há mais de uma década assisti a uma conferência proferida pelo Desembargador Newton De Lucca sobre temática consumerista. A exposição foi clara e elegante. Passados tantos anos, não me lembro do local do evento, de que entidade o teria promovido e sequer de quem teriam sido os demais expositores. Permanece, contudo, firme na minha memória a citação poética que serviu de fecho à preleção. Revelou-se um admirador da poesia, citando, de Álvares de Azevedo: “Descansem o meu leito solitário O verso é também o meu preferido da romântica e desesperada produção literária de Álvares de Azevedo. Tenho-o sublinhado no amarelecido livro de estudos do secundário, copiado e recopiado muitas vezes. Impactada, identifiquei um companheiro de jornada poética e passei a acompanhar as suas produções acadêmicas, a sua trajetória profissional, sempre ao longe e sem a oportunidade de um contato pessoal, o que só ocorreu quando exercemos cargos de direção nos tribunais federais. Confirmei então aquela antiga impressão: o estimado colega tem uma refinada bagagem de leituras. Ao surgir o convite antes mencionado, pensei ser de grande valia para todos os alunos, amigos e admiradores do Desembargador Newton De Lucca conhecer um pouco mais sobre as suas preferências literárias, as leituras marcantes em sua trajetória de vida. Todos ficaríamos certamente enriquecidos ao compartilhar as experiências literárias do estimado colega. Por outro lado, o mundo jurídico e o das letras têm inúmeros pontos de contato, e as leituras dão sentido ao mundo vivido. “Um galo sozinho não tece uma manhã: Pura poesia, dinamizada pela voz, e é nessa perspectiva que se pode afirmar que na leitura dos textos dos quais extraímos alegria e reflexão está parte da nossa alma.(5) Segundo Pessoa,(6) “a alma é literatura e tudo acaba em nada e verso”. 1 As leituras da adolescência “Ler era a melhor maneira de sonhar.”Ao responder sobre as leituras da infância e da adolescência, o Desembargador Newton De Lucca refere ter sido esse o período em que pôde exercer o doce direito de sonhar: “Ler, para mim, era a melhor maneira de sonhar”. 1.1 A produção de sentidos Não há dúvidas sobre a importância da leitura em nossas vidas, sobre a necessidade de cultivar o hábito da leitura em qualquer idade. Trata-se de uma atividade de produção de sentido, que reforça o papel do leitor como construtor do sentido.(17) Nessa linha, com a introdução da leitura, da literatura infantil e juvenil, há uma construção prospectória, a criança e o jovem partem do mundo da leitura para a leitura do mundo e provavelmente seguirão com o hábito por toda a vida.(18) 2 As leituras eternas, especiais “Já devo ter lido três ou quatro vezes e acho que o farei ainda mais algumas antes de morrer.”Indagado sobre os livros que deram sentido ao seu mundo, diz que foram muitos: “Algumas obras tiveram um sentido especial”. Os poetas sempre o impressionaram. Bem por isso já se disse que “poetas são ladrões de fogo”. Na adolescência: Dom Casmurro e Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis; O lobo da estepe, de Hermann Hesse;(29) Confissões, de Santo Agostinho;(30) Crime e castigo, de Dostoiévski;(31) alguns sermões do Padre Antônio Vieira, em especial, o Sermão da Sexagésima; Mais que um carpinteiro, de Josh McDowell;(32) O espírito das leis, de Montesquieu; A ética protestante e o espírito do capitalismo, de Max Weber. Discursos de Ruy Barbosa, em especial a Oração aos moços, tendo-o destacado como “o mais primoroso que li em minha vida”; Reflexões sobre a vaidade dos homens, de Matias Ayres;(33) e A República, de Platão.(34) 3 Bibliotecas ajudam a viver(35) “Sim, sempre tive um grande amor por eles, pois me ajudaram positivamente a viver...”Perguntado se coleciona livros, diz de seu grande amor por eles. “Não posso dizer que tenho uma grande biblioteca, mas, mesmo modesta, acha-se no momento tripartida” – na casa de Campos do Jordão, os livros de filosofia e literatura, e os de Direito, uma parte em sua residência e outra no Tribunal Regional Federal da 3ª Região – “foi o jeito que encontrei de acomodá-los razoavelmente”. “Se me pedissem para nomear o acontecimento mais importante de minha vida, eu diria a biblioteca de minha vida, eu diria a biblioteca do meu pai. Na realidade, às vezes penso que nunca me perdi daquela biblioteca. Ainda posso descrevê-la. Ficava em uma sala só para ela, com prateleiras envidraçadas, e devia conter vários milhares de volumes.” 3.1 Livros eternos – os clássicos: ler e reler A volta ao texto, a releitura dos “livros eternos”, configura a presença de um clássico. Italo Calvino(41) os define como aqueles livros dos quais se ouve dizer “estou relendo”, e nunca “estou lendo”. Seriam aqueles livros que nunca terminaram de dizer aquilo que tinham para dizer. São livros que constituem uma riqueza para quem os tenha lido e amado. 4 O livro-papel e a “era digital” “Adoro aquele cheirinho de livro novo.”“Adquiri a mania de grifar os trechos que mais me impressionam.” Indagado se dispensaria o livro-papel para ingressar na “era digital”, afirma que não dispensaria o livro de papel, pois adora o cheiro do livro novo. Em viagens, os tablets permitem portar uma biblioteca, o que seria maravilhoso. 5 Recomendação para iniciar com os clássicos “Acho que sempre é bom começar pelos gregos.”Sobre os clássicos e uma recomendação para iniciar leituras, manifesta, inicialmente, prudência, mas pensa que seria adequado começar pelos gregos. No gênero das biografias, o Desembargador Newton De Lucca destaca a de Bertrand Russel, autobiografia escrita com mais de noventa anos de idade, em que o autor propõe um código de conduta baseado em dez princípios, o primeiro dos quais é não termos a certeza de absolutamente nada. Destaca, também, o conjunto da obra de Bobbio,(53) em especial De senectute,(54) que seria um dos livros “que fazem a gente chorar”. Já outros esclarecem sobre muita bobagem que se ouve. Cita o livro de memórias de Carlos Alves de Souza,(55) antigo oficial da Marinha brasileira, intitulado Um embaixador em tempos de crise. “a paixão pela leitura começou tarde, mas logo se tornou intensa e onívora. Dela ficaram os traços nos elencos dos livros que eu lia a cada mês, anotados nas páginas do receituário do meu pai [...]. Dezoito livros em trinta dias [...] entre os quais também as poesias de Geraldy, um autor francês que agradava aos apaixonados [...] como testemunha da dispersiva variedade de interesses, típica do leitor voraz. [...] Nunca fui grande leitor de romances. Li muito Balzac porque em nossa casa de campo tínhamos a edição da ‘Pleiade’ [...] que eram leituras obrigatórias, li de Stendhal a Flaubert, de Dostoiévski a Tolstoi. O autor de quem li quase a obra completa em diferentes períodos de minha vida [...] foi Thomas Mann(56) [...]. Como esquecer A montanha mágica [...].” 6.1 Os livros de relevância histórica Entre livros com relevância histórica, o Professor De Lucca recomenda, dos muitos que julga importantes para o conhecimento do Brasil, Raízes do Brasil,(57) de Sérgio Buarque de Holanda; Evolução política do Brasil(58) e História econômica do Brasil,(59) de Caio Prado; Formação econômica do Brasil”,(60) de Celso Furtado; e Fábio Konder Comparato. 6.2 Os poetas “Confesso ter várias oitavas de Os Lusíadas decoradas desde a infância.” Entre os poetas preferidos, o Professor De Lucca cita Camões, de cuja obra tem oitavas decoradas desde a infância. Fernando Pessoa, Bocage, Valéry, Baudelaire, Rimbaud e Mallarmé. Dante Alighieri e Marinetti na Itália. Schiller e Goethe na Alemanha. Seféris e Kaváfis na Grécia Moderna. Maiakóvski, Pasternak(61) e Khliébnikov na Rússia; Neruda no Chile. No Brasil, a lista é muito grande, mas cita apenas Augusto dos Anjos, Castro Alves,(62) Olavo Bilac, Álvares de Azevedo, Manuel Bandeira, Mario Quintana, Murilo Mendes, João Cabral de Melo Neto, José Paulo Paes e o maior, Carlos Drummond de Andrade. “A poesia cria um mundo mágico, onde se reúne o que era inesperado, onde o impossível se torna realidade. A este espaço imaginário e irreal corresponde o tempo da poesia, do mito, da lenda, um tempo contrário ao calendário e à história, porém comum às sagas e lendas de todos os povos e de todos os poetas e, por mais rara que se tenha tornado a verdadeira magia, o certo é que ela vive hoje ainda na arte.” Sobre a capacidade de entender a poesia: “quem não tem capacidade de entender o sentido da poesia não perceberá, mesmo ao ler boa prosa, o alto valor e encanto da linguagem”. 6.3 No gênero da ficção científica “Confesso nunca ter me interessado muito por ficção científica, mas a Constituição Brasileira de 1988, sem dúvida, ocupa lugar de destaque.”O gênero de ficção científica(71) não se insere nas suas preferências literárias, mas refere que a Carta de 1988 poderia ocupar lugar de destaque no gênero. 6.4 Os “livros de cabeceira” “Norberto Bobbio e Zygmunt Bauman são autores que me acompanham até a hora de ‘cair nos braços de Morfeu’.”Sobre “livros de cabeceira”, que são aqueles livros ou livro que levaríamos para a ilha deserta, ou aqueles de que a gente não consegue se separar, lê algum trecho antes de dormir. Desses livros, os de Norberto Bobbio, “o inolvidável jusfilósofo itálico do qual não consigo me separar”, e Zygmunt Bauman,(72) o grande sociólogo e filósofo polonês da atualidade, são aqueles que acompanham o Professor De Lucca até na hora de dormir. 6.5 O que está lendo No momento, está lendo O terceiro ausente,(73) de Bobbio; Modernidade e ambivalência,(74) de Bauman; As veias abertas da América Latina,(75) de Eduardo Galeano; e Direito, tempo e memória,(76) de Raffaelle De Giorgi. “Que outros se jactem das páginas que escreveram; 6.6 O que gostaria de reler Gostaria de reler O Estado sedutor,(78) de Regis Debray; A constelação pós-nacional,(79) de Habermas; O elogio da serenidade, de Bobbio;(80) Ética pós-moderna,(81) de Bauman; e todos os livros de Machado de Assis. 7 O direito fundamental à cultura: cultura, um conceito abrangente “As palavras cultura, culto e colonização derivam do mesmo verbo latino colo, cujo particípio passado é cultus e cujo particípio futuro é culturus”.(82) Transposto ao idioma germânico, passou kultur a significar todos os aspectos espirituais de uma comunidade. Já a palavra francesa civilization referia-se às realizações de um povo.(83) Cultura e civilização comumente são utilizados para designar a mesma coisa. Trata-se de todo o complexo de conhecimento, crenças, arte, moral, costumes, leis e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma comunidade. Há consenso entre os doutrinadores de que a cultura é aprendida, de que é possível ao homem adaptar-se. Ela se manifesta em instituições, padrões de pensamentos e construções materiais. É, enfim, a forma de um povo viver. Formulado inicialmente por Edward Tylor, o conceito de cultura sintetizou a ideia já disseminada entre os estudiosos. A partir do século XVIII, a cultura passa então a significar o resultado da educação dos homens, expressa em ações, objetos, feitos, isto é, todo o construído pelo homem, diferenciando-se do construído pela natureza. A cultura é móvel nesta relação da humanidade com o tempo e no tempo. A natureza é o reino da repetição, e a cultura, o da criação. Esse conceito amplo abrange o erudito e o popular, e a cultura é criada, recriada e alterada em processo contínuo.(84),(85) Uma polêmica recente é saber se “moda” é cultura; os estilistas, beneficiados, dizem que sim, contudo, na melhor compreensão do que é cultura, a moda desfilada(86) aí não se enquadra, pois não transcende o cronotopos de sua gênese e, no concreto, é mercadoria. 7.1 A cultura nas Constituições Em breve resumo, a Constituição Federal de 1988 conferiu tratamento de maior destaque aos direitos culturais se comparada às anteriores. As Constituições de 1824 e 1891 não trataram da matéria. A Carta de 1934, no artigo 148, fazia rápida referência às “artes” e à “cultura em geral” para submeter o assunto à competência comum. Na Constituição de 1946, o artigo 174 inaugurou a expressão “o amparo à cultura é dever do Estado”. A Carta de 1967 manteve, em linhas gerais, a redação anterior, assim como a Emenda Constitucional nº 1/1969, e apenas em 1988 a Carta Política passou a dedicar um capítulo, incluído na ordem social, à educação e à cultura. O artigo 215 da Constituição Federal de 1988 garante as condições de acesso às fontes da cultura nacional de forma plena, apoiando a difusão das manifestações culturais, dispositivo que inclui, sem dúvida, o acesso ao livro, o incentivo à leitura e o estímulo ao exercício da escrita. Aquele que não lê mal fala, mal ouve, mal vê.(87) A legislação infraconstitucional oferece amparo legal aos aspectos culturais, inserindo-os no “meio ambiente cultural”. Lembramos, entre outros, o Decreto nº 25, de 30 de novembro de 1937, que organizou a proteção dos patrimônios histórico e artístico nacional, o Decreto nº 15.596, de 2 de agosto de 1922, e as Leis nos 4.845, de 19 de novembro de 1965, e 5.471, de 9 de julho de 1968, que proibiram, respectivamente, a saída do território nacional de obras de arte e documentos produzidos durante o período colonial e a monarquia e a exportação de bibliotecas e arquivos documentais. A transferência de bens culturais de forma sub-reptícia e ilícita foi objeto de Convenção da Unesco e internalizada pelo Decreto nº 72.312/1973. O Decreto nº 3.166, de 14 de setembro de 1999, internalizou a Convenção UNIDROIT sobre o retorno de bens culturais ilicitamente retirados do país, e pelo Decreto nº 3.551, de 4 de agosto de 2000, foi instituído o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial. O maior risco aos bens culturais(88) ocorre durante conflitos armados e, bem por isso, no Direito Internacional, foram introduzidas a noção de “bens culturais” e a “categoria de patrimônio cultural da humanidade”. Em face da magnitude da tarefa de proteger o patrimônio natural e cultural internamente pelos povos e países menos desenvolvidos, a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial foi um pioneiro instrumento multilateral. Ainda, convém lembrar a Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, de 20 de outubro de 2005. Essa convenção busca coibir o aniquilamento da cultura das comunidades nacionais pela tendência de uniformização decorrente da globalização e perda das manifestações culturais das minorias étnicas em particular.(89) “[...] o que descobrimos até agora não é apenas que a literatura não existe da mesma maneira que os insetos, e que os juízos de valor que a constituem não são historicamente variáveis, mas que esses juízos têm, eles próprios, uma estreita relação com as ideologias sociais. Eles se referem, em última análise, não apenas ao gosto particular, mas aos pressupostos pelos quais certos grupos sociais exercem e mantêm o poder sobre os outros.”(95) Para Kothe,(96) a obra literária torna-se arte à medida que consegue transcender o cronotopos de sua gênese: desabrocha quando deixa de ser documento de um tempo e um lugar, sem os quais, contudo, não existiria. 7.4 Direito e literatura A utilidade da literatura para a compreensão e o estudo do direito não é questão nova. A leitura potencializa as reflexões críticas, sensibiliza o leitor para questões não enfrentadas ou percebidas no cotidiano. 7.4.1 Julgamento jurídico e julgamento estético O sistema jurídico opera com o binômio excludente do lícito ou ilícito, não havendo espaço para ambiguidades. A Justiça, contudo, não é feita de forma tão exata, pois é obra humana imperfeita. O juiz, ao julgar, segundo a doutrina jurídica, formula um convencimento livre(109) sobre a prova produzida, de acordo com a lei, sempre imerso em valores. Já o juízo estético é um juízo de gosto, de beleza, de aprazibilidade. O justo, contudo, deve ser belo ao veredicto da consciência, ambos, o julgamento jurídico e o juízo estético, são atividades de síntese, mas também ambos partem de algum lugar. Conclusão Para concluir, lembro da reflexão de Zygmunt Bauman,(110) de que o mercado insiste em promover uma cultura de “máximo impacto e obsolescência instantânea”. É necessário, então, um esforço de nossa parte, os simples leitores, para resistir. Não cair nos desvãos cinzas do mercado. Formar uma bagagem de leituras leva tempo, não se faz “em um click”. É tarefa sem fim e só faz por acumular experiência sem obsolescência. Para a magistratura, em especial, ter lido, ler e reler é mais do que um direito, é dever, pois Justiça também se faz com literatura e com magistrados sensibilizados para a condição humana. Notas
1. AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. São Paulo: Martins Fontes, 1996. (Coleção Poetas do Brasil). Fragmento do poema “Lembrança de morrer”. 2. DE LUCCA, Newton . Ética na saúde – conflito de interesses – dupla militância (Leis Stark). In: NOBRE, Milton Augusto de Brito; SILVA, Ricardo Augusto Dias da (org.). O CNJ e os desafios da efetivação do direito à saúde. Belo Horizonte: Fórum, 2011. v. 1. p. 377-404. 4. MELO NETO, João Cabral de. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2008. “Tecendo a manhã”. Nesse texto poético, o autor se aproxima da prática ancestral metafórica da leitura. A atividade da leitura, que era, no início, solitária, individual, hoje pode ser coletiva, mas não pode ser alienante; “dinâmica”, essa “teia tênue” hoje solicita cada vez mais intermediários, mediadores, para constituir a “luz balão” e se elevar para ser reflexiva. 6. PESSOA, Fernando. Poesias inéditas (1919-1930). Lisboa: Ática, 1956. 7. BARTHES, Roland. Aula – Aula inaugural da cadeira de Semiologia Literária do Colégio França. São Paulo: Cultrix, 2007. 8. ALIGHIERI, Dante (1265-1321). Escritor italiano, nascido na cidade de Florença. Obras: La divina commedia (A divina comédia), De vulgari eloquentia (Sobre a língua vulgar), Vida nova (Vida nova), Le rime (As rimas), Il convívio (O convívio), Monarchia (Monarquia). 9. CAMÕES, Luiz Vaz de (1524/1525-1580). Poeta português. Obras: Os Lusíadas (poema épico), Anfitriões (teatro), Auto de Filodemo (teatro), El-Rei Seleuco (teatro), Rimas (poesias líricas). 10. PESSOA, Fernando António Nogueira (1888-1935). Poeta português. Obras publicadas em vida: 35 Sonnets, Antinous, English Poems I, II e III, Mensagem. 11. BOCAGE, Manuel Maria Barbosa du (1765-1805). Poeta português. Obras: Queixumes do Pastor Elmano contra a falsidade da pastora Urselina, Rimas, Mágoas Amoras de Elmano, A Morte de D. Ignez, A virtude laureada (drama recitado no Theatro do Salitre), entre outras. 12. BAUDELAIRE, Charles-Pierre (1821-1867). Poeta francês. Obras: As flores do mal, Paraísos artificiais, La Fanfarlo, Morale du joujou, Réflexions sur quelques-uns de mês contemporains, entre outras. 13. BILAC, Olavo Brás Martins dos Guimarães (1865-1918). Poeta e jornalista brasileiro. Obras: Via láctea, Sarças de fogo, O caçador de esmeraldas, Alma inquieta, As viagens, entre outras. 14. MELO NETO, João Cabral de (1920-1999). Diplomata, membro da Academia Brasileira de Letras, tomando posse em 1969. Obras: Morte e vida Severina, Pedra do sono, Auto do frade, Educação pela pedra. Influências da vanguarda realista, preocupação com a realidade social. “Essa cova em que estás, com palmos medida, é a cota menor que tiraste em vida [...]”. 15. ALENCAR, José Martiniano de (José de Alencar). Nasceu em 1829 na cidade de Messejana, Ceará, e faleceu em 1877 na cidade do Rio de Janeiro. Obras: O Guarani, Lucíola, Iracema, Senhora, Cinco minutos, As minas de prata. No conjunto magnífico de sua obra, traçou o perfil do Brasil, indianista, urbano, regionalista e histórico. 16. MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria (1839-1908). Mestiço pobre, autodidata, venceu na sociedade escravocrata. Memórias póstumas de Brás Cubas, revolução estética, trajetória inovadora, aprofunda a análise psicológica. Dom Casmurro, Memorial de Aires, Quincas Borba, Helena. 17. KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2012. 18. LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6. ed. São Paulo: Ática, 2010. Prêmio Jabuti em 1994. 19. ALVES, Rubem. Rubem Alves: sob o feitiço dos livros. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u727.shtml>. Acesso em: 29 jul. 2013. 22. SCLIAR, Moacyr. Dialogando para promover a cultura. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Porto Alegre/RS, 2 jun. 2004. Entrevista. 23. LOBATO, Monteiro. Carta a Godofredo Rangel, Rio de Janeiro, 7 de maio de 1926. Há, atualmente, uma tentativa de censurar Monteiro Lobato por pretender sua obra racista. É um rematado equívoco. A obra é datada e retrata o espírito da época. A personagem Tia Anastácia é uma grande contadora de histórias e disciplinadora dos meninos. É lógico que houve e sempre haverá resistência. 25. SÃO VÍTOR, Hugo de. Didascálicon: da arte de ler. Petrópolis: Vozes, 2001. Filósofo, gramático e teólogo. Precursor da Universidade de Paris. 29. HESSE, Hermann. Nasceu em Württemberg, Alemanha, em 1887, falecendo em Montagnola, perto de Lugano, Suíça, em 1962. Prêmio Nobel de Literatura em 1946. Filho de missionário protestante na Índia, de início foi pregador protestante, mas inclinou-se pela poesia e pela literatura. Obras mais conhecidas: O lobo da estepe, Sidarta, Narciso e Goldmund. Foi considerado indesejável na Alemanha nazista e teve diversos livros proibidos e queimados em 10 de maio de 1933 na Bebelplatz. Incineraram-se 25 mil livros. Ver o painel translúcido no chão da praça Bebel, em frente à Universidade Humboldt, em Berlim, contra a censura e a queima de livros. Profecia do poeta Heine: “Onde se queimam livros, no final arderão pessoas”. 30. AGOSTINHO, Aurélio (354 d.C.-430 d.C.). Santo Agostinho – Agostinho de Hipona. Santo da fé Católica, Doutor da Igreja, nasceu em Tagaste, na Numídia, África do Norte, atualmente Argélia, e morreu em Hipona, aos 75 anos. Nasceu e criou-se na fé cristã graças à influência de sua mãe. Estudou em Cartago, adotou o maniqueísmo e após retornou à fé cristã, tornando-se bispo de Hipona. Principais obras: Cidade de Deus, em que trata do cristianismo, e Confissões, que trata da cristandade. Nas Confissões, trata do percurso da caminhada para aceitar e proclamar a grandeza de Deus e libertar o homem pela verdade. Caminhada que não acontece apenas no plano interior do homem, mas diante dos homens. “Confessar”, então, tem o sentido de praticar a verdade do divino nas realizações da vida. Como pensador, Santo Agostinho sempre está conosco, pois ao longo da vida temos as mesmas inquietações e fazemos as mesmas indagações para conquistar a nossa própria humanidade. Nunca se termina de ler as Confissões, pois o desafio de viver retorna sempre. Muitos trechos são belíssimos e destaco de Confissões (Traduzido por Oliveira Santos e Ambrósio Pina. 18. ed. Petrópolis: Vozes, 2002), do Livro X, 8, p. 224: “O palácio da memória”: “Chego aos campos e vastos palácios da memória, onde estão tesouros de inumeráveis imagens trazidas por percepções de toda espécie. Ali está também escondido tudo o que pensamos, quer aumentando, quer diminuindo ou até variando de qualquer modo os objetos que os sentidos atingiram [...]. Quando lá entro, mando comparecer diante de mim todas as imagens que quero”. Do Livro XI, 14, p. 278: “Que é, pois, o tempo? Quem poderá apreendê-lo, mesmo só como pensamento [...]. [...]. Quando dele falamos, compreendemos o que dizemos. Compreendemos também o que nos dizem quando dele nos falam. O que é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei; se quiser explicá-lo a quem me fizer a pergunta, já não sei. Porém, atrevo-me a declarar, sem receio de contestação, que, se nada sobrevivesse, não haveria tempo futuro, e se agora nada houvesse, não existia o tempo presente”. 31. DOSTOIÉVSKI, Fiódor Mikhailovich. Nasceu em Moscou, em 1821, e faleceu em São Petesburgo, em 1881. Crime e castigo, Noites brancas, Memórias da casa dos mortos, Os irmãos Karamazov. Em Crime e castigo, o juiz Porfiri, um juiz ficcional. TOLSTOI, Liev. Guerra e paz, Os cossacos, A morte de Ivan Ilitch, O reino das trevas. Sobre eles, o comentário de CARPEAUX, Otto Maria. História da literatura Ocidental. São Paulo: Leya Brasil, 2012. 4 v. 32. MCDOWELL, Josh. Mestre em Teologia, Seminário Teológico Talbot, na Califórnia, Campus Crusade for Christ. 33. AIRES, Matias (1705-1763). Reflexões sobre a vaidade dos homens. São Paulo: Edipro, 2011. Matias Aires, caráter misantropo e rebelde. Viveu em oposição ao seu século. Nasceu em São Paulo e passou os onze primeiros anos no Brasil. Filho de José Ramos da Silva, tipo representativo do Brasil Colonial. Amealhou fortuna com o fornecimento de gêneros aos bandeirantes. O filho Matias Aires foi o primeiro filósofo e romancista brasileiro. A família retornou a Lisboa em 1716. Estudou em Coimbra e após em Paris. Levou uma vida solitária e triste, embora desfrutasse da colossal herança paterna. Transcrevo trechos do capítulo 136, sobre a ciência de julgar: “Na ciência de julgar, alguma vez é desculpável o erro do entendimento, o da vontade nunca; como se o entender mal não fosse crime, erro sim [...] o entendimento pode errar, porém só a vontade pode delinquir. [...] Querem os sábios enobrecer o erro, com o fazer vir do entendimento, e com ele encobrir o vício que trouxe da vontade; mas quem é que deixa de não ver que o nosso entendimento quase sempre se sujeita ao que nós queremos e que o seu maior empenho é servir a nossa inclinação; [...]. O entendimento é a parte que temos em nós mais lisonjeira; daqui vem que nem sempre segue a razão e a justiça, a inclinação sim; inclinamo-nos por vontade, e não por conselho; por amor, e não por inteligência; por eleição do gosto, e não por arbítrio do juízo: as paixões que nos movem, nos inclinam; a todas conhecemos, isto é, sabemos que amamos por amor, que aborrecemos por ódio, que buscamos por interesse e que desejamos por ambição: mas não sabemos sempre que também a vaidade nos faz amar, aborrecer, desejar, buscar; daqui vem que o julgador se engana quando se presume justo só porque não acha em si, nem amor, nem ódio, nem ambição, nem interesse; mas vê que é vaidoso e que a vaidade basta para fazer o injusto, cruel, tirano. [...] Que importa que o julgador se faça injusto, só por passar por justiceiro? A consequência da injustiça também vem a ser a mesma; o mal que se faz por vaidade não é menor que aquele que se faz por interesse; o dano que resulta da injustiça é igual; o juiz amante, ou vaidoso, sempre é em juiz injusto [...]. O caminho da justiça (para quem tem vontade de andar por ele) é um caminho direito, espaçoso, claro, fácil, e aprazível; as flores, que o bordam de uma, e outra parte, todas são perpétuas, [...] o caminho porém das injustiças é um caminho difícil, espantoso, e escuro; umas vezes é por cima de rochedos escarpados [...] outras vezes é por vales estreitos, sinuosos e profundos, e donde as árvores são todas infecundas, têm pálidas as folhas, e nascendo desordenadas, e confusas, fazem o lugar inseguro, e próprio para traições, aleivosias, furtos, assassínios [...] um ar caliginoso, e denso, apenas pode albergar aves nocturnas de presságio infausto [...]”. No Capítulo 138, a vaidade do sangue; no 140, as muitas vaidades que formam a vaidade da nobreza. “De todas as paixões, quem mais se esconde é a vaidade [...] conhecendo todos a vaidade alheia, nenhum conhece a sua [...]”. “Fogueira das vaidades”, em 1947, em Florença. Pregação de Savonarola, na Catedral del Fiore, para que a população abandonasse as vaidades, joias, obras de arte, sendo recolhidas e queimadas. Foi a “fogueira das vaidades”. 34. PLATÃO. A República. Escrita por volta de 375 a.C., quando Platão estava com pouco mais de 50 anos. Aristocrata ateniense, nascido em torno de 428 a.C. e falecido em 347 a.C. 35. PESSOA, Fernando. Poema “Liberdade”. Sobre não ter biblioteca. 37. BORGES, Jorge Luis. Elogio da sombra. Porto Alegre: Globo, 2001. “O guardião dos livros”. Nesse poema, metáforas estéticas contra o poder destruidor das guerras: “Na aurora dúbia, o pai de meu pai salvou livros. Aqui estão na torre onde jazo, recordando os dias que foram de outros [...]. Em meus olhos não há dias. As prateleiras estão muito altas e não as alcançam meus anos. Léguas de pó e sonhos cercam a torre. Por que me enganar? A verdade é que nunca soube ler [...]. Meu nome é Hsiang. Sou o que custodia os livros, que talvez sejam os últimos [...]”. 38. SCLIAR, Moacyr. Ler faz bem à saúde. Zero Hora, 31 maio 2003. In: ______. Território da emoção: crônicas de medicina e saúde. São Paulo: Cia. das Letras, 2013. 39. BRADBURY, Ray Douglas. Nasceu em Illinois, Estados Unidos, em 1920, falecendo em Los Angeles, Estados Unidos, em 2012, aos 91 anos de idade. 40. O filme Farenheit 451 é um clássico. FARENHEIT 451 (filme). Direção: François Truffaut. Produção: Lewis M. Allen. Roteiro: Jean-Louis Richar e François Truffaut. Intérpretes: Oskar Werner (Guy Montag), Julie Christie (Linda/Clarisse), Cyril Cusack (Capitão) e outros. Inglaterra: Universal Pictures, 1966. (112 min). 41. CALVINO, Italo. Por que ler os clássicos. São Paulo: Cia. das Letras, 1993. Nascido em 1923, em Cuba, foi para a Itália, resistiu ao fascismo, faleceu em 1985. 46. ECO, Umberto. O nome da rosa. Traduzido por Aurora Fornoni e Homero Freitas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. O romance é de 1980, e o autor é Professor de Semiótica na Universidade de Bolonha. Dedica-se a temas como linguagem, teoria da literatura e da arte, sociologia da cultura. A trama se desenvolve em um mosteiro italiano em 1327. Sete crimes, em sete noites, vitimam sete monges, e os assassinatos se irradiam a partir da fantástica Biblioteca, a maior da cristandade. O nome da rosa era a expressão usada na Idade Média para designar o infinito poder das palavras: “Não me surpreendia que o mistério dos crimes rodasse em torno da biblioteca. Para esses homens devotados à escritura, a biblioteca era ao mesmo tempo a Jerusalém celeste e um mundo subterrâneo no limite entre a terra desconhecida e os infernos. Eles eram dominados pela biblioteca, por suas promessas e por suas proibições. Viviam com ela, por ela e talvez contra ela, aguardando culposamente o dia de violar todos os seus segredos”. 48. Sócrates (469 a.C.-399 a.C.) Não escreveu, seus pensamentos foram escritos pelo discípulo Platão. Foi julgado e condenado à morte por desrespeito aos deuses e por corromper jovens. Aceitou a sentença e tomou o veneno que o matou. Platão assistiu ao julgamento e conservou as ideias do mestre. Ver: ROCHA, Zeferino. A morte de Sócrates. São Paulo: Escrita, 2001. SÓCRATES. (filme) Direção: Roberto Rossellini. Intérpretes: Jean Sylvère (Socrate), Anne Caprile (Santippe). Espanha/Itália/França, 1971. (120 min). 49. Platão (427 a.C.-347 a.C.). Aluno de Sócrates. Suas obras têm a forma de Diálogos, e as iniciais têm Sócrates como protagonista falante: A República e Das leis. 51. ALEXANDRE, o grande (filme). Direção: Robert Rossen. Intérpretes: Richard Burton (Alexander), Fredric March (Philip of Macedonia) e outros. EUA/Espanha, 1956. (135 min). Aristóteles pode ser visto como professor de Alexandre nesse clássico. Há a versão de 2004, Alexandre, de Oliver Stone, com mais ênfase nas conquistas militares, com Anthony Hopkins. 53. BOBBIO, Norberto. De senectute. Madrid: Taurus, 1997. 54. Idem. O tempo da memória: De senectute e outros escritos autobiográficos. Rio de Janeiro: Campus, 1997. Foi escrito por ocasião do recebimento do diploma honoris causa, é uma lectio magistralis sobre um tema não acadêmico. Reflete sobre uma fase da vida a que jamais imaginava chegar. De fato, é emocionante e tocante a aula magna. O homem é o que lê e o que lembra: “É o passado revive na memória. O grande patrimônio do velho está no mundo maravilhoso da memória, fonte inesgotável de reflexões sobre nós mesmos, sobre o universo em que vivemos [...] e quando os revemos experimentamos a mesma emoção da primeira vez; e quantas melodias e canções, árias de óperas, trechos de sonatas e de concertos voltamos a cantarolar sozinhos [...]”. 55. SOUZA, Carlos Alves de. Um embaixador em tempos de crise. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979. O autor, nascido em 19 de maio de 1901, no Rio de Janeiro, foi Engenheiro Geógrafo Aspirante da Marinha em 1915. Ingressou no Ministério das Relações Exteriores em 1924, ascendendo à condição de Ministro de 1ª Classe em 1944. Prestou serviços em Paris, Viena, México, Belgrado, Havana, Roma e Londres, entre outras capitais. Apresentou-se em 1966 e, nos mais de 42 anos de serviços diplomáticos, foi diversas vezes condecorado. Tomava apontamentos no calor dos acontecimentos e guardava missivas e, recorrendo a tais apontamentos, traz uma contribuição inestimável para a história da pátria. Uma verdadeira joia. Alves de Souza, sempre de local privilegiado, assistiu e contribuiu para o renascimento da Marinha de Guerra e da Escola Naval. Integrou o primeiro grupo da aviação naval e rememora episódio em que pilotou um avião Curtiss. Deixou a Marinha, cursou a Faculdade de Direito. Letrado e poliglota, pela mão do Almirante Alexandrino Alencar ingressou no Corpo Diplomático em 1924. Serviu no Gabinete do Ministro Octávio Mangabeira e de muitas outras figuras de destaque na história nacional. Em momentos de grave crise internacional, foi testemunha ocular. Em Belgrado, teve papel decisivo em defesa das missões diplomáticas. Em Paris, após a chamada “guerra da lagosta”, contribuiu para a normalização das relações diplomáticas. Convenceu o Presidente João Goulart a aceitar o regime parlamentarista, que era proposto para o seu regresso. Trata-se de uma trajetória destacada e exemplar no Corpo Diplomático. Foi um homem perfeitamente ajustado e preparado para a importante função pública exercida, figuras das quais hoje carecemos. Conviveu com os mais importantes líderes políticos da época, durante a Era Vargas e a II Guerra Mundial. Repõe a verdade, esclarecendo que fora ele o autor da frase que é atribuída ao Gal. De Gaulle: “Luis Edgar, le Brésil n’est pas un pays sérieux”. Somente 25 anos depois a questão foi confirmada pelo porta-voz do Gal. De Gaulle à época dos fatos, em entrevista à TV Manchete, no Rio de Janeiro. Desfilam por suas memórias figuras como Arthur Bernardes, seu sogro, Oswaldo Aranha, João Neves da Fontoura, Guimarães Rosa, Benedicto Valladares, Octávio Mangabeira, Milton Campos e Juscelino Kubitscheck. Um relato extraordinário com informações históricas e indicação de fontes e fatos de época. Imperdível para quem aprecia o gênero. Está esgotado e só é encontrado em sebos. 56. MANN, Thomas (1875-1955). Doktor Faustus, em citação de Otto Maria Carpeaux (op. cit.), teria dito que “o romance do séc. XX tem de ser ao mesmo tempo romance, ensaio, tratado científico, também obra de história e reportagem”. 61. PASTERNAK, Boris. Doutor Jivago. Rio de Janeiro: Best Seller, 2008. Segundo Italo Calvino, “perturbador e comovido [...] salvou a tensão no sentido do futuro, a interrogação comovida sobre o fazer da história”. Destaca a figura de Lara, para as possibilidades do feminino. 62. CASTRO ALVES, Antônio Frederico de (1847-1871). Espumas flutuantes, Os escravos, Gonzaga ou a Revolução de Minas. É da terceira geração dos românticos (1ª geração: Gonçalves Dias; 2ª geração: Álvares de Azevedo). Belíssimo representante com poesia voltada para a mulher, o escravo oprimido e a pátria oprimida pela monarquia. Linguagem grandiloquente, panfletária de contestação; 3ª geração: inspirados em Victor Hugo (geração condoreira). 64. BRODSKY, Joseph. Menos que um: ensaios. São Paulo: Cia. das Letras, 1994. Prêmio Nobel de Literatura em 1987. 68. PESSOA, Fernando. Poesias. Lisboa: Ática, 1973. “Hora absurda”. 69. CAVALCANTI FILHO, José Paulo. Fernando Pessoa: uma quase autobiografia. Rio de Janeiro: Record, 2011. 70. RILKE, Rainer Maria (1875-1926). Elegias de Duíno. 2. ed. Traduzido por Dora Ferreira da Silva. São Paulo: Globo, 2001. O livro mais afamado é Cartas a um jovem poeta. Mostra ao neófito o mundo interior do escritor. Em Carta a Lou Salomé (Lou Salomé, minha amante, minha irmã), refere que o homem criador não pode fazer concessões à vida, pois a terra renasce “invisível a nós”. 71. Grandes autores na ficção científica são Arthur Clarke e Isaac Azimov. São aqueles que em um século antecipam o futuro. Do primeiro, Canções de uma pátria distante (1986); do segundo, Eu, robô. Sir Arthur Clarke, escritor e inventor britânico, desvendou o código secreto dos nazistas. Antecipou a atual realidade das comunicações instantâneas, imaginando os satélites em órbita da terra. A rota imaginária hoje é realidade e denomina-se “Clarke”. 72. BAUMAN, Zygmunt. Teórico da pós-modernidade. Nasceu na Polônia em 1925. Um dos mais influentes pensadores da atualidade, desde 1971 reside na Inglaterra. É professor emérito das Universidades de Varsóvia e Leeds. Autor de diversas obras, todas entre nós publicadas pela Zahar, Rio de Janeiro. Entre elas, Amor líquido, Arte da vida, Comunidade, Confiança e medo na cidade, Identidade, Medo líquido, Modernidade e ambivalência, Vida para consumo, Tempos líquidos, O mal-estar da pós-modernidade e Vidas desperdiçadas. A arte da vida, no original, The art of life, reflete sobre os parâmetros que nos norteiam na busca pela felicidade. O estado de felicidade muda constantemente e permanece como algo ainda a ser atingido. Expõe e reflete de forma brilhante sobre as escolhas e opções de vida e as influências da sociedade de consumo. Reflete sobre nós – “artistas da vida” –, sobre o que é felicidade e quais são as suas fronteiras, sobre os vínculos de amizade, de família e do amor. Arremata com considerações tocantes: “Para resumir: o amor não é algo que se possa encontrar; não é um object trouvé obj u um ready-made. É algo que precisa ser sempre e novamente construído e reformado a cada dia, a cada hora; constantemente ressuscitado, reafirmado, servido e cuidado [...]”. 74. BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e ambivalência. Rio de Janeiro: Zahar, 1999. Nessa obra, Bauman reflete sobre como viver em um mundo implacavelmente ambíguo. O estranhamento, a assimilação, em especial, os futuros da solidariedade. 75. GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. 45. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. 76. GIORGI, Raffaelle De. Direito, tempo e memória. São Paulo: Quartier Latin, 2006. O autor é Professor Titular de Teoria Geral do Direito e Sociologia do Direito na Universidade de Lecce, Itália, e Diretor do Centro de estudos sobre o risco, em parceria com Niklas Luhmann. Provocador, estilo refinado. Em especial: A memória do Direito, entendida como princípio explicativo. Começa o texto com a citação de Borges: Funes, o memorioso. Também Direito Penal e teoria da ação, que introduz com referência ao conto A pane, de Friedrich Dürrenmatt. 79. HABERMAS, Jürgen. A constelação pós-nacional: ensaios políticos. São Paulo: Littera Mundi, 2002. 81. BAUMAN, Zygmunt. Ética pós-moderna. São Paulo: Paulus, 1997. Nessa obra, o autor reflete sobre a possibilidade de conferir a um objeto ou evento mais de uma categoria. A ansiedade que experimentamos com a desordem, mas classificar significa separar, segregar. 83. MENDONÇA, Gilson Martin. O direito fundamental à cultura: dos tratados internacionais à Constituição Federal de 1988. In: PIOVESAN, Flávia (coord.). Direitos Humanos. Curitiba: Juruá, 2006. v. I. 84. LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 12. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1996. 86. ZERO Hora, Porto Alegre, 1 set. 2013. Caderno Donna. 87. MOREIRA, Carlos André. A 15ª Jornada Nacional de Literatura precisou driblar a falta de recursos e se reiventar. Zero Hora, Porto Alegre, 2 set. 20013. José Castilhos Marques Neto, na 15ª Jornada Nacional de Literatura, trouxe um dado alarmante: apenas 26% dos brasileiros têm capacidade plena de ler, entender e interpretar um texto. Os desafios da jornada. A situação retrata a negação do direito ao acesso livre à cultura. 88. GONZATTO, Marcelo. Situação precária de monumentos de Porto Alegre leva prefeitura a buscar nova estratégia de conservação. Zero Hora, 29 ago. 2013. Obras do descaso. As obras de arte e os monumentos históricos de Porto Alegre estão em “situação de guerra”, com pichações, furtos e depedrações. A onda de destruição teve início em 1990. José Francisco Alves: “As nossas obras de arte estão sendo destruídas e ninguém vê. Há uma cegueira coletiva na cidade”. 90. SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés. Bens culturais e proteção jurídica. Porto Alegre: Unidade Editorial Porto Alegre, 1997. 91. MENDONÇA, Gilson Martins. O direito fundamental à cultura: dos tratados internacionais à Constituição Federal de 1988. In: PIOVESAN, Flávia (coord.). Direitos humanos. Curitiba: Juruá, 2007. 92. MOREIRA, op. cit. Embora toda a rede de proteção formal, a 15ª Jornada Nacional de Literatura precisou driblar a falta de recursos. Teve 28 mil inscritos e poucos recursos oficiais. A jornada tem compromisso com a formação do leitor e com as escolas e é organizada há 30 anos por Tânia Rösing. 93. O “Vale-Cultura” é uma questão tormentosa, e este pequeno estudo não seria adequado para dissecar a novel política dita de amparo à cultura e ao lazer. 94. EAGLETON, Terry. Teoria da literatura: uma introdução. Traduzido por Waltensir Dutra. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. 95. EAGLETON, op. cit., 2006. 99. GARAPON, Antoine. Bem julgar: ensaio sobre o ritual judiciário. Lisboa: Piaget, 1997. 100. DWORKIN, Ronald. Uma questão de princípio. Traduzido por Luis Carlos Borges. São Paulo: Martins Fontes, 2000. 101. SCHLINK, Bernhard. Der Vorleser. Mais conhecido após o filme de Stephen Daldry: “The Reader”, 2008. É no livro que se tem conhecimento dos títulos que são lidos pelo “leitor” Michael para Hanna: de Homero, Odisseia; de Schiller, Intriga e amor; de Leon Tolstoi, Guerra e paz; de Hemingway, O velho e o mar, havendo referência, entre outros, a Goethe, Kafka, Heine, Kant e Hegel. 103. TOLKIEN, John Ronald Reuel (1892-1973). Nascido na África. Filólogo britânico, dominava 17 idiomas. Obras principais: O Silmarillion, O Hobbit e O senhor dos anéis (1928). Em On fairy stories, Tolkien exalta as três funções que os contos fantásticos desempenham na vida humana. 104. STRECK, Lenio Luiz. Senso incomum. Consultor Jurídico. Disponível em: <http://www.conjur.com.br>. 105. GODOY, Arnaldo Sampaio de Moraes. Embargos culturais. Consultor Jurídico. Disponível em: <http://www.conjur.com.br>. 109. KNIJNIK, Danilo (org.). Prova Judiciária: estudos sobre o novo Direito Probatório. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007. “Livre” que não é tão livre assim. O eminente autor e professor não aborda o binômio Justiça-Literatura.
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Referência bibliográfica (de acordo com a NBR 6023:2002/ABNT): |
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