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publicado em 13.09.2016
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Essas frases foram colhidas do ensaio “Etapas da minha caminhada”, do Gen. Alfredo Souto Malan, estagiário da primeira turma da ESG, em 1950. Com as palavras de um dos estagiários da Escola Superior de Guerra, do ano de 1950, convido não só a primeira turma do terceiro milênio, mas todas as turmas da ESG a nos transportarmos para as origens da nossa escola. Quem eram os pioneiros deste Instituto de Altos Estudos Militares? O que pretendiam aqueles idealistas com a criação da ESG? Segundo a Lei 785, de 20 de agosto de 1949, a ESG destinava-se ao “planejamento da Segurança Nacional”, além de à consolidação dos “conhecimentos necessários para o exercício das funções de direção”. A mescla da experiência norte-americana com oficiais do National War College e de oficiais brasileiros que haviam frequentado a Escola Superior de Guerra da França molda a ESG, tipicamente brasileira, tornando-a adequada para um país em formação e em desenvolvimento, com a admissão de grande número de civis, fato esse que não ocorria nas Escolas de Guerra francesa e americana. Em 1950, forma-se a primeira turma da ESG, e os civis e militares do Corpo Permanente dela foram considerados. A escola recém-criada procura se estruturar até 1953 e, com a experiência daqueles anos, toma o rumo que vem seguindo até hoje, com as correções e atualizações de rota que se fizeram necessárias. A ESG tem se notabilizado por contar, na sua galeria de estagiários, com preeminentes personalidades do cenário nacional, entre as quais, das primeiras turmas, destacamos os militares Cordeiro de Farias, Juarez Távora, Ernesto Geisel, Golbery do Couto e Silva, Rodrigo Octávio, Eduardo Gomes e Alte Greenhalgh; e os civis Mario Gibson Barbosa, Austragésilo de Athayde e Ranieri Mazzili. Para configurar a real importância desta escola, ao longo dos seus 66 anos de existência, nela foram diplomados mais de 7.000 “esguianos”, entre os quais 4 presidentes da República, 45 ministros de Estado, 20 senadores, 31 deputados federais e inúmeros oficiais-generais. Nos seus primeiros passos, apoiados no binômio segurança e desenvolvimento, a ESG nos deixa um legado de realizações que merecem ser recordadas, tais como: Mais recentemente, os Planos Nacionais de Desenvolvimento e o Banco Central tiveram a sua fase embrionária nesta escola. A ESG tem tido extraordinária atuação no fortalecimento da união entre civis e militares, das Forças Armadas e auxiliares, circunstâncias muito bem focalizadas pelo Presidente Castello Branco ao presidir a diplomação da Turma de 1966. Disse ele: “Cada Turma da ESG revela, em toda sua profundidade e sob todos os seus aspectos, a coesão de civis e militares, na busca de soluções para os problemas nacionais”. Porém, a doutrina da ESG evolui em sintonia com as conquistas do conhecimento humano e com a estatura político-estratégica do país. Eis que chegamos ao século XXI, e as turmas deste novo milênio tornam-se fiéis depositárias do legado construído pelos que nos antecederam, ao mesmo tempo em que o atual regulamento da ESG está sendo modificado na sua destinação, que passa a ser a seguinte: “formular e consolidar os conhecimentos necessários ao exercício de funções de direção e assessoramento superior para o planejamento da Defesa Nacional”. Com a evolução político-estratégica do país e com a criação do Ministério da Defesa, passam a observar agora o trinômio segurança, desenvolvimento e defesa, esta última em um sentido mais amplo, não se limitando, apenas, ao campo militar. Dos primórdios da ESG, projetemo-nos para o futuro, não com a visão míope de quem enxerga apenas o próximo ano, mas visualizando a ESG daqui a 20 ou 25 anos, a ESG do futuro! A criação de centros de estudos de políticas e estratégias tem sido constante em nossas universidades e fundações, preenchendo lacunas que, até então, somente a ESG ocupava. A ênfase nos temas políticos, mormente as relações internacionais, e nos temas militares, no que se refere ao planejamento estratégico de alto nível, avulta de importância nesta primeira quadra do século XXI, ratificada na convicção de que o Itamaraty e as Forças Armadas continuarão a ser verdadeiras trincheiras dos interesses do Estado, e não de efêmeros governos, formando nossos futuros adidos militares de defesa em consonância com nossos diplomatas, projetando poder de maneira harmônica, objetiva, tolerante e sem prepotência, como sói acontecer, em face da índole pacífica, mas não pacifista, do povo brasileiro. A ESG preparará futuros assessores e, por que não, ocupantes de um assento, que por certo está reservado ao Brasil, no Conselho de Segurança da ONU. Antevejo a ESG de 2025 com a efetiva participação de civis e militares, como era ideia de nossos pioneiros de 1950, consolidando a segurança, o desenvolvimento e a defesa, desta feita acrescidos da diplomacia e da projeção de poder de forma proativa, aspiração do continente sul-americano de que o Brasil, por sua destinação natural e sua estatura político-estratégica, não poderá se omitir. Deixaremos a antessala e adentraremos os salões onde são realizados os grandes foros internacionais, que estão a exigir recursos humanos preparados e capacitados, a opinar e principalmente negociar em condições de igualdade, sem jamais abrirmos mão de nossa soberania. Nesse contexto, em uma visão prospectiva, assim se expressou o Ministro da Defesa, Dr. Geraldo Quintão, em conferência realizada nesta Escola, em 16 de outubro de 2001: “A ESG, que sempre foi pioneira, não se deixará ultrapassar”. Desse modo, podemos inferir que continuaremos a ser uma ilha de excelência em estratégia, irradiando teorias e ideias que fundamentem a Doutrina Estratégica Nacional. A Adesg – Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra e a Faepe – Fundação de Altos Estudos de Política e Estratégia de Apoio à Escola Superior de Guerra são excelentes ferramentas que nos permitirão alavancar a nossa Escola e mantermo-nos ligados pelo mesmo ideal de “Uma só alma e um coração pelo Brasil”. Não esperemos, façamos como nossos antepassados... Como fazem os arados, deixemos marcas profundas em nosso solo pátrio por meio de gestos, palavras, atitudes e, principalmente, ações. Não basta acumular conhecimentos, torna-se imperiosa a sua aplicação!
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Referência bibliográfica (de acordo com a NBR 6023:2002/ABNT): |
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